A viagem à Terra Santa e as coisas maiores que nós (no trabalho de equipa) Estive recentemente 8 dias na Terra Santa, a percorrer os mesmos caminhos que Jesus percorreu. Aliás, minto, conjuguei mal o verbo! O correto seria dizer: “Estivemos recentemente 8 dias na Terra Santa”, porque, além de mim, iam outras 49 pessoas. É importante dizer que foi uma grande experiência, quer a nível espiritual, quer a nível cultural, porque aquele país (Israel) é fascinante. Mas não é sobre isso que me quero debruçar. Quando pensamos em viajar, ainda por cima quando são viagens com possibilidade de provocar um grande impacto em nós, temos a sensação de que o melhor é retirarmo-nos sozinhos, muitas vezes em busca de um silêncio com o qual dialogar e que tentamos tornar parceiro na procura de nós próprios. Também por isso, esta nossa peregrinação fez-me pensar: não conhecia mais de metade das pessoas que iam comigo, teria de dividir o meu quarto, estar diariamente, com pessoas com quem talvez não me identificasse, fazer conversa de circunstância à hora das refeições… Ou seja, eram várias as condicionantes que me deixavam menos livre, pensava eu! Peregrinar significa pôr-se a caminho de alguma coisa. Como gosto sempre de fazer o paralelismo com o meu trabalho enquanto treinador, pensei numa equipa e verifiquei que, de facto, só se constrói uma identidade própria enquanto grupo se nos pusermos a caminho. A grande questão é que caminhar não é suficiente. É preciso ter uma meta, um fim, que faça com que o nosso caminho vá ao encontro de algo concreto. Tanto numa peregrinação como numa equipa, só faz sentido se o trajeto for feito em comum. Alguns vão mais atrás, outros mais adiante, mas o grupo vai junto e coeso. E surge a pergunta: O que é que será que une 50 pessoas com vidas, ideias e personalidades completamente diferentes? Porque é que se juntam todas no mesmo caminho? Porque é que se põem juntas a caminho? E porque é que tal coisa funciona? A peregrinação e o trabalho de equipa, à medida que se vai avançando, são ótimas soluções. Todos nós temos um desejo de resposta (que é próprio de cada um) às mais variadas perguntas e, por isso, sujeitamo-nos ao desafio de percorrer uma estrada. Esse desejo que temos no nosso coração é, sem dúvida, um fator de união, que faz com que cada um cumpra a sua tarefa de forma séria e verdadeira. No caminho que começamos a andar, que escolhemos livremente querer começar a andar, damos por nós a sentir que vamos precisando uns dos outros. Momentos de fraqueza, momentos de vitória, alegrias, tristezas, coisas que vemos ou sentimos e que queremos ver e sentir com quem está ao nosso lado…! Há, portanto, uma necessidade de ter alguém connosco. As diferenças, apesar de notórias, não provocam uma separação. O desejo que temos em comum é muito maior, tal como o que queremos atingir. O tempo vai passando, vamo-nos conhecendo, a confiança entre todos aumenta e isso faz com que queiramos ainda mais partilhar a mesma estrada. Cada um pode escolher uma meta maior do que a nossa própria dimensão. Esse é o ponto! A partir desse momento, tudo se torna mais fácil. O desafio do líder é ajudar a que cada um se dê conta do desejo e guiá-lo no caminho de cada nova descoberta… Francisco Guimarães