A escola que queremos, por Catarina Almeida Venham comigo, meninos; vou mostrar-vos o mundo e as outras aves da quinta; mas fiquem perto de mim, para ninguém os pisar. E cuidado com o gato! H. C. Andersen, O Patinho Feio Diz a Pata e dizemos nós: fiquem perto de nós, para ninguém os pisar. Há muitos perigos à espreita por essa quinta fora; o mundo é vasto e as rápidas mudanças de que temos falado assustam. É claro que, normalmente, o medo é vencido pela presença da Mãe Pata ou da Avó Pata ou da Pata professora, ou seja, para sair do ovo, do galinheiro, enfim, para sair de si mesmos, as crianças precisam de companhia adequada, capaz de as introduzir ao conhecimento do mundo. A este propósito, foi numa conversa ao almoço que nasceu uma pergunta urgente, que estará em diálogo no próximo dia 24 de novembro, no Palácio Galveias: que escola queremos para o mundo em que vivemos? Falava-se sobre os nossos patinhos bonitos e feios e sobre nós, patas, e a visão que temos para o mundo e para a escola. Somos muito diferentes entre nós… Umas damos mais atenção às maravilhas que queremos dar a conhecer; outras estruturamos melhor a categoria das aves da quinta, como nascem, do que se alimentam e de que forma podemos garantir que os patos não se esquecem de nenhum desses aspetos; outras, ainda, estamos tão focadas no gato sempre perigoso e sempre à espreita, que atamos as crias com fios apertados, para que não corram o perigo de levar uma trinca felina. Tudo normal, patas que amam a sua quinta porque é o lugar onde podem amar e ser amadas pelos patos filhos, primos, amigos. Nisto, discutíamos se é melhor que as escolas (quem não tem quintas, faz escolas…) sejam grandes ou pequenas, com propostas mais ou menos estruturadas; se é melhor ensinar inglês assim ou assado, enfim, mais uma vez, conversa de patas. Até que uma das convivas, mais velha, mais experiente e com os olhos mais brilhantes e mais certos, disse com firmeza: – Antes disso, é preciso saber que escola queremos para o mundo em que vivemos. Porque as nossas escolas hoje desempenham a mesma função que os mosteiros tinham antigamente. Eram lugares de comunidade, onde se aprendia a viver, a trabalhar, a amar. E é a isso que temos de responder. As pessoas que encontramos todos os dias, o que nos pedem, qual é a nossa responsabilidade? As crianças de hoje, as famílias de hoje, têm mais possibilidades – mesmo as que têm poucas… -, mas são as mais necessitadas de sempre, porque precisam de um sentido para a manhã que nasce, para a dislexia do filho, para a conquista da filha, para os obstáculos no trabalho, quando tudo nos parece afastar uns dos outros e dos sentidos que espreitam em intuições que não enganam o coração sempre eterno dos homens e mulheres de todos os tempos. É com estas perguntas que procuraremos fazer caminho no próximo dia 24 de novembro, às 18h15, no encontro anual que recorda a figura de Maria Ulrich como uma verdadeira educadora, isto é, como uma companheira audaz nesta aventura infinita. A entrada é livre!