Começar (de novo!)

Esta altura é sempre propícia a fazer novos projectos, pensar em mudanças, coisas que gostaríamos de fazer diferente no próximo ano. Fazemos listas de propósitos, balanços do que aconteceu e do que desejamos para o futuro… Mas, para mim, o mais difícil é começar de novo o que já existe.

Olhar de forma nova, transparente, pura para as relações, para o trabalho, para os miúdos, para os que amamos. Será possível? Ou já sabemos tudo? Já conhecemos cada aspecto, cada qualidade, cada defeito, cada pormenor do que já existe na nossa vida? Haverá ainda algo de novo por desvendar? Haverá algum mistério nas coisas que são comuns e habituais?

Na verdade, o mais difícil é começar, recomeçar as coisas antigas, aquelas que já reconhecemos como verdadeiras e boas, que já decidimos que queremos para sempre, que estimamos e valorizamos, que ocupam um lugar definitivo na nossa vida. Estas são as mais difíceis de começar de novo. Mas são também aquelas que, se não começarmos todas as vezes de novo, acabam por perder o brilho que nos conquistou.

A única alegria neste mundo é a de começar. É belo viver, porque viver é começar, sempre, a cada instante, escreveu Cesare Pavese n’O Ofício de Viver.

Seja esta a nossa alegria, começar sempre, a cada instante. Bom 2018!

Catarina Almeida