Eu tenho que resistir, apesar da neve

No meio do tesouro de cassetes, boletins, conversas, gravações e todo o material que documenta o incrível legado da Maria Ulrich, encontrámos a história de um amigo que terá caído na neve e dizia “eu tenho de ir mais além, porque se desapareço… a minha mulher não pode dizer que eu morri. Por amor dela, eu tenho que resistir, apesar da neve, tenho de ir mais além“. Com este exemplo, a Maria explica o que entende por “superação” numa conferência em plenos anos oitenta.

Superação e progresso interior são duas expressões presentes, às quais voltam sempre as pessoas mais próximas, quando lhes pedem para sintetizar a Maria. Sempre pensei que tinha a ver com uma consistência moral, que, no fundo, estaria relacionada com a força de carácter e a solidez dos valores de cada um. Hoje percebi que não se trata apenas disso. Afinal, para Maria Ulrich, trata-se de um amor. Um amor que reconhecemos e que nos arrasta além de nós próprios, que nos faz resistir na neve, progredir na neve. Não é um esforço vazio, é uma gratidão alegre. Não é um moralismo, é uma moral, ou seja, uma tensão ideal que dá primazia ao desejo de plenitude e a tudo o que aponte para o Bem, o Belo e o Verdadeiro que se vai manifestado em amor e amores.

Há tanto por descobrir nesta vida, há tanta vida nesta história. Agora vamos de férias para descansar na alegria do que o mundo tem para nos oferecer, para nos deixarmos arrastar por essa alegria que a Maria não se cansa de apregoar.  Voltamos em setembro, cheios de energia para vos trazer esta vida e esta história de Maria Ulrich que, trinta anos após a sua partida, tem tanto bem para nos dar.

Boas férias!

Catarina Almeida