Grandes naquilo que interessa

Na semana passada, com os nossos pequenos amigos, que são grandes naquilo que interessa, demos a cada um uma folha, para escreverem uma coisa bonita que tivesse acontecido na semana.

Eu andava de lugar em lugar, a ver se estavam a perceber o que tínhamos proposto. Espantou-me que escrevessem coisas tão simples mas tão importantes: “Não sou muito boa a futebol nas aulas de educação física e fico triste, mas na última aula, os meus amigos puxaram por mim, disseram que eu conseguia, e fiquei contente”, ou “dois meninos da minha turma estavam zangados mas depois fizeram as pazes” ou “vou ter mais um irmão!”

Dei a volta à sala e cheguei à Teresinha, que não tinha escrito nada. Disse que não se lembrava de nada. Que sabia que de certeza que tinham acontecido coisas boas, mas não se lembrava. Disse-lhe para pensar mais um bocadinho e quando estava a virar costas chamou-me: “Já sei! Vou escrever o que aconteceu agora mesmo! Que quero estar mais atenta para encontrar coisas bonitas como os outros.”

A nossa amiga deu-se conta da coisa mais importante, de que tantas vezes nos esquecemos, andar de olhos e coração abertos, para não perder o que nos acontece. Há dias em que não está tudo claro, em que não me lembro de nada para escrever. E depois, vêm estes pequeninos, que com os seus olhos abertos me fazem querer abrir os meus.

Constança Duarte