Havia um príncipe que não aprendia a ler nem a escrever À Rosarinho e à Rita Em tempos idos, num reino distante, havia um príncipe que não aprendia a ler nem a escrever, não era capaz de fazer contas nem dizer os nomes das plantas, nem dos passarinhos. Na verdade, nem parecia um príncipe: os olhos fixavam sempre o chão e quando alguém se aproximava dele, gritava muito e, às vezes, empurrava as pessoas e fazia coisas um bocadinho feias. A rainha estava tão preocupada… Certo dia, por um daqueles acasos que de acaso têm muito pouco, encontrou numa rua do reino umas fadas-professoras. São uma espécie rara de fadas: têm uma varinha de condão que usam para pôr as outras pessoas a olhar para o mundo, descobrir o seu significado e saltitar de etapa em etapa, mais conscientes, até ao destino… A nossa rainha pediu ajuda às fadas-professoras e elas puseram mãos à obra. Já o nosso príncipe não achou graça à brincadeira… Ficou tão zangado que até parecia um sapo viscoso e asqueroso! As fadas-professoras aceitaram o desafio com muita alegria e, graças a Deus, nem repararam nisso. Estas fadas-professoras começaram por tentar descobrir o que se passava com o príncipe… Rapidamente perceberam que ele estava muito triste porque o rei vivia noutro reino, com outros príncipes e princesas. Sentia que ninguém gostava dele, como se fosse um príncipe por engano. Como é próprio das fadas, elas reuniram e discutiram com muito afinco quais os melhores pós de perlimpimpim para este caso. Estava decidido! Era preciso mostrar ao príncipe que ele era muito bonito e que valia mesmo a pena levantar os olhos do chão para começar a ver as coisas maravilhosas do seu reino. Aí então, poderia querer ler para as compreender, escrever para contar a todos das plantas e dos passarinhos… Todos os dias de manhã, a fada-professora-mor ia ter com o príncipe e ele estava sempre muito zangado e amuado. Devagarinho, foi-lhe mostrando que gostava muito dele e que nem os amuos, nem as zangas, nem a sua falsa pele viscosa e asquerosa podiam mudar isso. As outras fadas ajudavam, mostravam-lhe animais, as estrelas, o mar, músicas, histórias de encantar… Nunca se tinha ouvido rir com tantas gargalhadas! E sem quase se aperceberem, o príncipe começou a ler, a escrever, a contar… Foi assim todos os dias durante um ano. Ao fim de um ano, as fadas foram ter com a rainha e devolveram-lhe o seu príncipe. Com os olhos postos no Céu, também as fadas estavam comovidas por ter cumprido a sua missão. Agora o príncipe está no 4º ano e já não há vestígios de sapo. O que mudou? A certeza de que é um príncipe muito amado e que o seu reino tem coisas maravilhosas para descobrir. Hoje em dia, é frequente vê-lo dizer aos sapos “Olha, que se as fadas te apanham, ficas um príncipe como eu!”… Catarina Almeida