Mais Tu, mais eu!, por Letizia Ortisi

No Outubro do ano passado a minha chefe disse-me que tinha uma ideia: um livrinho! Um caderno para as crianças e as famílias, uma coisa que ainda não tinha uma forma específica, mas que pudesse ser uma companhia para a descoberta da realidade. Eu fiquei super entusiasmada! Seria bom se a Fundação pudesse acompanhar as famílias desta forma tão simples e concreta…

“Então… Sabes fazer um livro assim?” O quê? Estava a perguntar-me a mim? Fazer um livro? Mas nunca tínhamos feito uma coisa assim! Disse que podíamos tentar, mas que não garantia o resultado. Foi assim, de forma muito pouco heróica, que começámos a nossa aventura…

Dois meses depois, conseguimos imprimir o primeiro Mais TU! Que medo antes de abrir a primeira caixa que chegou à nossa sede depois da impressão… Abri a caixa e… maravilha! As cores eram bonitas e a impressão também! Que alívio!

Logo a seguir, surgiu uma sensação muito estranha: não fomos nós de certeza a fazer aquele livro…. Impossível sermos capazes de criar uma coisa assim!

Com o novo ano, já era altura de começar a trabalhar para o segundo caderno! Escolhemos uma história e muitas páginas saíram de seguida, quase sem esforço. Conseguimos até uma parceria com as Paulinas Editora, incrível! Outra vez a mesma sensação: impossível termos sido apenas nós a fazer aquele livrinho! Cada vez que o abro e viro as páginas parecem novas. 

Nos últimos dias, tenho dado por mim a pensar em coisas ou pessoas que normalmente me aborrecem e reparei que podem ser um bem ou um recurso, talvez eu não tenha suficiente criatividade para ver este potencial…! Sim, até o Coronavírus pode fazer nascer iniciativas verdadeiramente boas, como temos acompanhado em Itália e já em alguns casos entre nós!  Que bom olhar para tudo com um olhar positivo, quantas possibilidades esta posição nos pode oferecer todos os dias! 

Onde aprendi isso? Com o camponês da história das preciosas cicatrizes que está no Mais TU! Um camponês que não deitou fora uma jarra partida e que a usou para regar as sementes que deixava cair no caminho até ao poço para depois vender as flores na feira! Mas também com o kintsugi, uma técnica japonesa que permite remendar e embelezar vasos partidos com ouro. E muito mais! O meu olhar está a ser educado pelo Mais TU! Eu estou a ser mais eu! 

É por isso que os livros não me parecem feitos por nós, porque são muito mais do que o resultado do nosso trabalho, são mesmo uma ajuda para tudo o que acontece no nosso dia-a-dia.

Eu renovo todas as coisas” (Apo, 11, 5) Dizer que “sim”, sem medo das nossas cicatrizes, permite que a Luz passe e renove até as nossas tentativas! É a vitória da Ressurreição.  

O novo Mais TU – As preciosas Cicatrizes já está disponível nas livrarias.

Letizia Ortisi