No tal reino muito distante…

No tal reino muito distante, preparava-se o Natal como em nenhum outro…

As fadas-professoras punham-se numa azáfama: montar presépios por toda a parte, cantar cânticos bonitos, contar histórias de pequenas e grandes tradições pelo mundo fora, e – claro! – pensar a grande festa do reino, à qual acorriam todos os habitantes e as suas famílias.

As fadas eram muito criativas e tinham muita genica; eram também fadas humanas e, por isso, cansavam-se muito… No meio de tantos afazeres, nem tinham tempo para voar.

[As fadas-professoras têm umas asas especiais, diferentes das outras fadas. É que precisam de voar todos os dias um bocadinho para que as asas continuem a bater com esplendor e possam voar sempre bem alto. Quando uma fada-professora se esquece do voo diário, as asas começam a ficar esverdeadas e mal-cheirosas e a chiar como as portas enferrujadas!…]

Ora bem, certo Natal as fadas fizeram uma festa muito boa: os habitantes do reino deliciaram-se com a beleza do Presépio, com os cânticos ao Menino Jesus, com as histórias e as tradições. Tudo belas ocasiões para reviver o Acontecimento mais importante do mundo. Mas, de repente, começou a ouvir-se chiar, o cheirete era tal que os habitantes rapidamente repararam que alguma coisa não estava bem!

As fadas-professoras estavam deitadas no chão, muito cansadas, e não conseguiam voar. As asas tinham deixado de funcionar!

Era a primeira vez que o reino se encontrava sem fadas-professoras… Um dos habitantes do reino estava mesmo a precisar delas e gritou, gritou, gritou e elas não apareciam! Que grande maçada. Era um caso especial, que só os pós de perlimpimpim podiam resolver… Gritou novamente, várias vezes, e nada conseguia erguer as fadas-professoras. Não estavam a dormir, era só uma mistura de cansaço e de asas enferrujadas…!

De repente, chegou o Príncipe (que não sabia ler nem escrever…!) e rapidamente atirou pós de perlimpimpim ao habitante do reino e às fadas, que se levantaram meia atarantadas.

Tudo se recompôs e uma das fadas perguntou ao Príncipe como era possível ter os pós de perlimpimpim, que só a fadas sabiam onde encontrar…

– Ora essa, fada-professora… Anda muito distraída! Nunca reparou que os pós de perlimpimpim são o Amor? Quando alguém nos borrifa com esses pós, tornamo-nos capazes de borrifar os outros…

E, com um sorriso terno e doce, sentou-se calmamente a contar a todo o reino a história do Menino que nasceu em Belém e veio encher o mundo com o Seu Amor .

Catarina Almeida