Para esperar, minha filha, é preciso ter recebido uma grande Graça Reunião de educadores para preparar reuniões de pais. Além dos aspectos práticos e organizativos, procuramos ir um bocadinho mais a fundo… Qual a maior dificuldade das crianças? Unanimidade rara: “saber esperar”. Para esperar, minha filha, é preciso ter recebido uma grande Graça, escrevia Charles Péguy. Pois bem, é assim mesmo. Para esperar, é preciso que o presente – o agora – seja vivido como graça, como dom, como “presente” e não como suspensão do tempo para que o depois aconteça… Para esperar, é preciso que esteja a acontecer alguma coisa agora que me interesse, que me interpele, que fortaleça a certeza que eu tenho hoje de que o meu desejo se cumprirá depois. Este desafio é urgente na educação das nossas crianças, que deslizam continuamente o indicador no tablet para mudar de écran, de estímulo, de desejos que – aparentemente… – se realizam todos no imediato. Como ensinar uma criança a esperar? A esperar, isto é, a aceitar que o que eu quero “agora” se realiza “depois”? Como sempre, vamos à procura de exemplos que nos ajudem a aprender… Começámos o ano com O Milagre de Ourique. De onde veio a esperança de D. Afonso Henriques? O que aconteceu no seu “agora” que lhe deu uma certeza sobre o “depois”, que fez o “agora” valer a pena? Viu então o Céu rasgar-se com um raio de luz muito bonito. Desse raio, saía Jesus rodeado de Anjos vestidos do branco mais resplandecente que alguma vez tinha visto! O coração de Afonso batia fortemente… Num gesto rápido, ajoelhou-se e começou a chorar de alegria. – Meu Jesus, que me vens dizer? És mesmo Tu, o meu Bom Jesus! – Afonso – respondeu-lhe Jesus – vim ao teu encontro para dar alegria e força ao teu coração. Confia em Mim! Vais vencer esta batalha para que nasça o reino de Portugal. Estarei sempre próximo dos portugueses. Agora volta para a tua tenda. Um novo caminho vai abrir-se. Jesus voltou a desaparecer no Céu e Afonso estava sereno e confiante. Voltou para o acampamento e disse aos seus amigos: – Estejam sossegados. Vamos vencer a batalha. – E sorriu confiante. Para que as nossas crianças saibam “esperar”, a nossa responsabilidade é, com elas, viver o presente como “presente”, como dom, como o lugar onde acontecem os sinais que “abrem um novo caminho”. O caminho da esperança: certos do futuro por causa de alguma coisa que nos está a acontecer agora. Catarina Almeida