Reencontrar a infância, por Catarina Almeida «A festa do Natal tem um significado muito particular para as Educadoras: é a festa da infância. Não só da infância dos que são pequeninos, mas da infância espiritual que todos nós devemos reencontrar. Possamos nós descobrir respeitosa e humildemente, no nosso contacto actual ou próximo com as crianças, aquela frescura de alma, aquele interesse espontâneo, aquela sinceridade generosa e confiante… Enfim, a simplicidade que é encanto da infância» Maria Ulrich Estas palavras foram ditas a educadoras de infância. Que sentido fazem para nós, pais e adultos empenhados na educação, tendo em conta os tempos que estamos a viver? A festa da infância é uma expressão feliz e põe em evidência algo que vale a pena recuperar… Durante os primeiros anos de vida, a experiência mais importante para uma criança é a “dependência”! Um bebé pequeno depende da mãe e do pai para quase tudo na sua vida. Até para dormir, poderíamos dizer, precisa de um colo, de conforto que alguém proporciona, de cuidados e atenções. À medida que crescemos, vamos ganhando autonomia e – talvez… – independência. Vamos esquecendo e até recusando a dependência dos pais. Crescer, para muitos, é superar todas as amarras e chegar a “ser” sozinho. Esta é, a meu ver, a consciência que se foi desenvolvendo ao longo das últimas décadas, acompanhada por infinitas possibilidades técnicas e tecnológicas de (sobre)viver sem precisar de nada nem de ninguém. A infância espiritual de que fala Maria Ulrich, ilustrada como uma “frescura de alma” e uma “sinceridade generosa e confiante”, é urgente nos dias que vivemos. Voltar a descobrir esta dependência própria da infância pode ser o caminho para descobrir a verdadeira liberdade. Num mundo em que as crianças respiram o ar da “autonomia” e da “independência”, valeria a pena recuperar a experiência da fragilidade da infância e da qual o Natal é sinal luminoso. Desejamos que as famílias e as escolas possam ser lugares de infância verdadeira, isto é, de uma dependência que fortaleça os corações das crianças e dos jovens, ensinando-os a ser protagonistas da própria vida. Protagonistas amados e acompanhados numa relação de Amor inabalável. E esse Amor nasceu e vive entre nós. Bom Natal! Catarina Almeida