Robôs de Guerra A aula de Programação do sétimo ano já tinha começado há algum tempo. Programas para escrever, robôs para programar. Afadigava-me procurando atender a todos, tirar dúvidas, pôr os distraídos a trabalhar, a ajudar a realizar o trabalho proposto. Num momento em que me sento à minha secretária para ultimar a nova fase de trabalhos, olho por cima do ombro e dou com o Gustavo, como sempre de olhar distraído, sentado olhando em volta, papel à frente com meia dúzia de rabiscos. Até pela sua figura, de pequena estatura, franzinito, alourado e de olhos azuis, rosto magrinho, parecia num mundo completamente à parte. Suspirei. “Gustavo! Precisas de alguma coisa?”. Levantou-se e aproximou-se de mim. “Professor, o professor conhece (xxx) ?”. “Quê?”. “O professor conhece (xxx)?. “Conheço o quê?”. “O professor conhece War Robots?”. Lá consegui perceber que devia ser qualquer coisa da Internet. “Não, não conheço…”. “É o melhor jogo”, afirmou. “Sim… ah, sim. Olha, precisas de alguma coisa?”. “O mais poderoso é o Leo. Se o equipar com o canhão laser de alta potência torna-se quase invencível. Mas só existe no nível 6.”. Achei que talvez fosse aquele o momento de me encostar. Então todos os robôs têm um nome? Que armas existem? Como se chama este? No meu ecrã surge mundo insuspeitado por mim, povoado de seres mecânicos que saltam, lançam raios de energia, explodem… A conversa desenvolvia-se, o Gustavo contava com entusiasmo as minúcias que fariam a diferença entre a derrota e a vitória. “Muito interessante, Gustavo!”, concluí, após talvez cinco minutos de conversa. “Olha, deixa-me aqui agora pensar neste problema que vou propor a todos”. “Posso ver? Posso ficar aqui sentado ao pé de si? É que é raro alguém interessar-se pelo que eu digo. Gostei muito que o professor me fizesse estas perguntas.” Miguel Tristany