Tijolo sobre tijolo

Numa semana de muito trabalho, em que se acumulam os testes, os livros, os papéis, os e-mails, vale a pena pensar na razão pela qual se fazem as coisas.

Há um música simples, mas bonita, que diz “mattone su mattone viene su la grande casa”- tijolo sobre tijolo, constrói-se a grande casa.

Um tijolo é um objeto pesado, grosso, é duro quando se toca. Não é fácil de carregar, é denso. As mais simples tarefas diárias parecem trazer um peso assim, se perdemos o seu horizonte. Mas esta letra não fala de tijolos empilhados de qualquer maneira, dispostos sem ordem, só porque sim. São, pelo contrário, cuidadosamente postos um sobre o outro, para gerar alguma coisa grande. E dão frutos que não se vêem logo. Quando ainda só estão dez tijolos, não se vê ainda a forma da casa.

Porque fazemos então tudo o que fazemos? Que casa é esta? Cada um tem de descobrir isto por si, mas pelo menos, assim, um teste não é só um teste, um trabalho não é só um trabalho, um jantar com amigos não é só um jantar, mas são tudo parte unida de um horizonte muito maior, a verdadeira Casa.

Constança Duarte