Uma esperança que vale a pena seguir Uma ficha cheia de contas de somar, subtrair e multiplicar, as operações matemáticas que a pequena Maria já aprendeu. Estávamos a fazer os trabalhos de casa. “-Essa conta está certa, Maria. Porque é que apagaste?” “-Estavam um bocadinho tortos os números. Apaguei e repeti para ficar mais bonito.” Devagarinho, lá avançávamos de conta em conta, a Maria toda contente por estar a acertar e porque, quando se olhava para o caderno, estava a ficar tudo bonito. Dei por mim a pensar que já podíamos ter acabado a ficha. Mas aqueles olhos entusiasmados traziam consigo uma esperança que valia a pena seguir. A nossa amiga não ia ter melhor nota por fazer a letra mais bonita, não ia ter um prémio, nem fui eu que disse nada. Sozinha, viu que podia levar mais a sério o que estava a fazer. Um momento tão discreto basta para reconhecer o verdadeiro, para levar comigo um desejo renovado de beleza nas pequenas coisas que faço. Constança Duarte