Uma sintonia comovida – Babushka! – murmurou comovida a Débora*. Veio da Geórgia com o marido em busca de uma vida melhor… Ao entrar na escola da filha, encontra um painel que anuncia o conto russo que as crianças vão descobrir ao longo do Advento e todas – desde a Creche até ao 1º Ciclo! – vão apresentar às famílias e aos amigos na tão desejada festa de Natal. – Conhece a Babushka?? – pergunta a diretora, um tanto ou quanto espantada… – Sim, todos os Natais o meu pai me contava esta história quando eu era criança. Fica no ar uma sintonia comovida entre uma diretora, algumas educadoras que por ali passavam e a Débora, uma mãe com quem muitas vezes a comunicação é dificultada pela língua… Nunca se perceberam tão próximas mas o olhar daquela mãe, totalmente conquistado pela memória da experiência verdadeira que tinha feito na infância, aproxima-as, torna aqueles corações incrivelmente próximos.Por que é que acontece esta sintonia comovida entre pessoas tão diferentes e que normalmente até nem compreendem bem as palavras, os pedidos, as ideias umas das outras? Neste caso, a recordação da história que o pai contava tem uma força de unidade maior que palavras porque encontra a experiência do Natal.O Natal é aquele acontecimento potente de Deus que se faz homem pequenino numa gruta em Belém. Este facto mudou a história há mais de dois mil anos e a memória que dele se continua a fazer encontra o eco em vidas marcadas por este mistério… Com mais ou menos consciência, com mais ou menos fé, o Natal é ocasião de olhar para aquele Menino que nasceu no presépio em Belém e que volta a nascer, todos os anos, a encarnar na história e nos corações. A potência daquele facto que mudou a história está em continuar a mudar as histórias e os corações daqueles que dele fazem memória. Seja este Advento um caminho desejoso de memória e de reconhecimento daquelas experiências que nos remexem o coração porque são sinal da presença d’Aquele que nasceu e que quer continuar a nascer. Catarina Almeida *os nomes e alguns factos são fictícios.